sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Outro conto...

Ela tinha um armário. E lá morava um monstro. Isso ela sempre soube. Sabia há muito tempo. Alternava a maneira como lidava com esse bicho nada de estimação. Por muito tempo negou sua existência. Agia como se nada houvesse de obscuro em seu armário. Coisas nada legais aconteciam, não tinha explicação, fingia mas não sabia. Muito se incomodava com a situação. Depois disso passou a admitir que havia o monstro. E que ele no seu guarda-roupas estava a morar. Por isso se esquivava, se escondia, fugia o quanto podia. Atravessou desertos, atravessou mares a divagar. Sofreu demais, como sofreu. Então foi que desistiu de fugir. Depois de anos, parou de se esconder. Criou coragem para voltar. Voltou para sua casa. Entrou em seu quarto. E foi olhar o monstro que se tornou. Uma bela mulher foi o que viu, no espelho se admirou, chorou e ao mesmo tempo sorriu. Entendeu a causa de tanta dor, monstro deixou de ser. Linda ela se tornou. O mais belo e nobre dos seres. E feliz pra sempre ficou.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Era uma vez um cara muito idiota. Ele queria agradar todo mundo, inclusive que não gostava dele. Ele queria acreditar que era certo ser idiota. Porque ele cansou de ver os mais espertos se darem mal. Entretanto, ele sabe muito bem que existem espertos que se dão bem. Como ele não quer correr esse risco, ele prefere ser o idiota. Intervenção 1: O que é ser idiota? R. Ser idiota é não tentar se esperto. E achar que todos são bons. Ser idiota é achar que todo mundo é bom. Não são nem somente suas atitudes que te fazem idiota, mas o fato de acreditar que todo mundo é bom. Por que ele agradar todo mundo? R. Todo mundo não. Ele não quer desagradar ninguém. O que é diferente de agradar todo mundo. Intervenção 2: Você acha que está sendo vítima nessa situação? Não. Apenas a criança é vítima, que não tem consciência de suas atitudes. Por que em cada situação ele agirá de uma forma. Ele não tem consciência crítica da situação, o que o torna inocente e consequentemente vítima. Intervenção 3: Como você está se sentindo agora? Com sono. Cansado. Mais cansado que o habitual.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Observação

... Te dou uma parte, me entrego só a metade. Aquela parte que você mais quer. Sim, te dou. Uma pequena parte que sou. E como um cão que ganha um osso da sobra do almoço, você sorrir. Feliz, te dou de mim um triz. E é exatamente isso que você quer. Um pequeno pedaço, uma sobra. Vamos para um lugar tranquilo, onde "possamos ficar mais a vontade". Mascaro-me numa lingerie sensual. Você não quer saber como estou. O que é ótimo porque também não quero dizer. Faço cara de fatal, você crê. Ordeno, você obedece. Minha insegurança, meu medo, minha dor, consigo esconder. Sou rasa, é isso que você crê. Eu não ligo. Faço tipo "Anitta". E é uma parte ínfima do meu ser. No entando transborda na lisura que é você. Se eu finjo? Sim, posso fingir. Você acredita, você sabe, você gosta. E a parte grande de mim fica longe, apenas sorrindo e observando. Triste porque não ser vista. Um pouco cansada de sentir-se escondida..

domingo, 17 de agosto de 2014

Rimas

Todo, Era uma vez.. Toda Era, uma vez.. Todo e toda vez.. Já foi.. Já era.. Foi.. Uma vez foi aquilo que seria e que jamais deverá ter deixado de ser. Aquilo que é e já foi, e foi porque tornará a ser. Assim a vida era o que seria porque deveria de ser. Viver a vida, molhar a chuva, secar o vento.. Como pode ser? Andar na via, Viver o mundo, lugar favela. Ninguém a crer.. Que algum dia menina belo belo menino ira ser.

O amor

O amor me visitou diversas vezes, e, por mais vezes, bati a porta em sua cara. Mas ele nem por um segundo desistiu de mim. Nem desistirá, eu sei. Obrigada, Amor.

Felicidade

Estou feliz dentro da infelicidade da vida. Feliz dentro da limitação e da angústia que é viver. Tento aceitar o meu chamado. Procuro dizer sim para a voz interior, e viver o que de melhor há. Quero o contato com aquilo que é puro em mim, e que por isso mesmo é muito silvestre, selvagem, inocente e único. Quero o contato sincero com meus instintos, com a espiritualidade real e elevada, aquela que nos convida a esvaziar-mo-nos. Ser menos ego e mais tudo. E que é tão difícil de viver. O desejo de seguir as realizações mundanas, segundo os critérios mundanos de sucesso e felicidade. Quero dizer sim a verdade que é simples, que se basta em si.

Vozes de além

As vozes voltaram. Elas que durante muito tempo haviam se silenciado. Elas me fazem sentir com intensidade cada emoção. Às vezes me confundem, e me fazem sofrer pelo que sequer vivi. Então escrevo dando vida a uma voz que nem é minha, mas é também a voz da vida. Voz de vida que já viveram outrora, que pede justiça, porque já ou ainda não quer silenciar ou se aquietar. Então escrevo as dores alheias como se fossem minhas, e vivo na escrita histórias que se passaram muito longe daqui, muito longe de mim. Mas que, de algum modo, me encontraram.. E me fazem, misteriosamente, (na imaginação e escrita) as (re)viver.